Estou em um processo de reconstrução e reforma. Eu, imediatista que sou, acho que é um natural da nossa geração. Essa aceleração sem fim, essa busca incansável por resultados, alta performance, o topo inatingível transforma nossa mente em um carro desgovernado descendo uma ladeira até se chocar com a parede da ansiedade, da depressão, do esvaziamento do sentido.
Diante dessa nada novidade, eu me encontro. De um lugar bom e seguro, me vejo cair em um buraco que eu mesmo cavei ao longo da minha história. E aqui não será nem um muro de lamentações, nem um palco para o vitimismo e nem um tribunal de acusações. Só apenas um relato de um rapaz latino-americano…
Eu que sou um curioso nato, busco porquês, sentidos, compreensões basais para seguir em paz, encontrei em vários especialistas de conceitos - com todo bom sentido da expressão - caminhos e direções para que, como se virasse uma chave, eu respirasse aliviado e encontrado uma solução. Linhas terapêuticas, no Evangelho, temperamento, composição corporal…
Quanta coisa que, pelo menos até um minuto atrás, era um sobrepeso mental que me deixava empacado sem tirar o pé do chão para seguir um caminho. Conteúdos ótimos, mas que, na minha mente viraram uma pirâmide de cartas, de modo que eu não consigo me mover porque uma condição precisa da outra. Como um ponteiro pequeno que depende dos 60 tics do maior, que depende de 60 tacs do que o sobrepõe para que ele ande e faça o outro se mexer.
E, de outro lado, me puxando como uma âncora, está o recomeçar. Como isso me atinge em um impacto lancinante. Repassar por onde eu passei me traz o tédio, a dor do fracasso, a decepção, uma preguiça advinda da soberba de já saber e ter passado por esse trajeto. Um emaranhado de cordas que, no fim, só me amarram no mesmo lugar. Recomeçar, como é difícil. Nem quero entrar na imensidão que essa palavrinha abarca.
Nessa prisão perpétua da busca de sentido que funciona meu cérebro, me sinto esmagado pela pressão do imediatismo e ancorado em mil questões que não me deixam sair do lugar. Encontrei assim, um paralelo - coisa que me satisfaz - pra encontrar a calma e a paz. Como um sopro de Deus aos ouvidos, lembrei-me de uma reforma que fiz no meu banheiro. Aquela mesma bagunça, aquele monte de incertezas e inseguranças eram abafados pelo projeto pronto que eu mesmo havia desenhado e comprado peça por peça.
A expectativa ansiosa de vê-lo pronto, que por si só era sufocante, era sufocada pela calma da beleza do projeto que nasceria após toda aquela quebradeira. E assim me vi comigo mesmo. A pressa que eu tenho com minhas reformas é injusta. Se para aquele banheiro, um simples banheiro eu era contido por já saber todos os benefícios que viriam após o término da obra, porque comigo eu não tenho a mesma paciência? Talvez seja porque, diferente do banheiro, eu não desenhei o projeto final, ou por eu ser sempre meu maior carrasco. Espero que eu aprenda com esse processo todo, a me amar e ter mais paciência com minhas demoras. Que eu cure minhas feridas no caminho e encontre paz ao olhar pra essa grande reforma.
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