quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Trabalhe, sirva e seja feliz.


Direitos são deveres. Não encha o saco.
O que uma pessoa acha que são seus direitos? Felicidade? Liberdade?
E o que é a felicidade? Pra que uma pessoa quer sua tal liberdade?
Uma canseira - como tem me cansado isso, sério! - tem se instalado ao nosso redor. Discursos rasos e baratos de que você tem direito disso ou daquilo... você “nasceu pra ser feliz!”
Pra ajudar, vamos focar no tão aclamado direito de ser feliz:
Pensa rapidinho ai, o que é ser feliz pra você? 1... 2... 3... 4... 5... Pensou? Talvez tenha vindo à sua mente uma vida tranquila, sem boletos (!), aquela enfermidade sua curada, aquele crush correspondendo... Isso é mesmo a felicidade? Tá, ai você ganha na mega-sena ou faz mais pontos na tele-sena do Silvão. Ganha uma bolada. Você encontrou a “felicidade”. E depois? Ou, aquela 10/10 (meninas, leiam aquele) se encanta por ti e vocês se casam e até tem filhos... E você encontrou sua “felicidade”. E depois?
Depois, que se você ficar preso no seu umbigo, nos seus direitos, no seu egoísmo, no seu mundinho... sinto muito te dizer, mas você será uma pessoa infeliz. Talvez você já seja e não tenha dado conta. Porque vvocê até já ganhou na mega, já se casou... enfim, os seus planos já estão acontecendo ou já aconteceram... e esse bueiro no seu peito continua aberto. Por quê?
Porque a felicidade não está no que temos (direitos) mas na responsabilidade que carregamos pra engrenagem da vida funcionar. A isso damos o nome de DEVERES, ou seja, RESPONSABILIDADES.
É inerente ao nosso ser a responsabilidade. Talvez estejamos nos sentindo inúteis, sem vontade de sair da cama... Só porque não movimentamos nossa vida em favor do próximo, não produzimos nada com nossa vida! Uma vida produtiva é uma vida feliz. E não entro no mérito de profissão, talvez você esteja desempregado. Mas como tem sido sua doação de vida? O que você tem feito com esse dom maravilhoso que é acordar todos os dias e ter um dia pela frente?
Talvez você já tenha reparado na satisfação de um pai que chega cansado em casa depois de um dia estressante de trabalho. Não que ele chegue com um sorriso largo todos os dias, não que seja um prazer pra ele aguentar aqueles problemas todos, mas mesmo que ele esteja querendo matar um... não passa pela mente dele simplesmente largar o serviço e ficar em casa assistindo TV. Ele sofre todos os dias, e por quê? Por que vale a pena? Por que ele tem direito de se cansar? Vale a pena porque ele tem responsabilidade. De colocar comida na sua mesa, de aquecer sua família, de dar um sustento aos seus... Responsabilidades. Isso foi só um exemplo, mas consegue perceber que desde que o mundo é mundo, quando o homem produz, o homem é feliz? O Ser humano se realiza cumprindo suas responsabilidades.
Como é triste uma vida sem produzir! O que você deixa de legado pra esse mundo? Quem é você depois que você se for? Uma vida sem frutos é uma vida infeliz. É como uma vela que nunca foi acesa. Imagine como uma vela com um pavio novo é infeliz. Ela não cumpriu seu propósito. Que é iluminar. Se gastar trazendo a luz. Assim somos nós, eu e você. Que vida medíocre a minha achando que meu direito é ter, é ser, é ganhar...
Nossa geração sofre por isso. Não quero ser arrogante de desdizer qualquer diagnóstico clínico, nem reduzir tudo em algumas palavras. me entenda – Mas essa falta de sentido, pessoas tristes querendo acabar com a própria vida... Essa crise existencial provém do que a “modernidade” instalou em nós. Essa praga de pensamento que: Tá ruim? Troca. Não deu certo? separa. Tá difícil? larga... Ocasionando uma geração fraca, sem resistência. Cheia de mimimi e vontades. Onde o “eu” é o centro do universo. Quanta superficialidade, meu Deus!
Observe a vida de pessoas que fizeram a diferença no mundo. Madre Tereza de Calcutá, Dom Bosco, Felipe Neri, João Paulo II... Poderia fazer uma lista infindável de pessoas felizes. Felizes porque se doaram até o fim pelos direitos dos outros. Mas talvez esses exemplos sejam distantes, você não os conheça... Vamos mais perto. Seus avós, seus pais, tios... Com certeza, a história deles tem algum sofrimento, alguma renúncia de si. Mas que, na narrativa deles, nem faz diferença, porque eles estavam servindo, produzindo direitos, talvez um desses direitos tenha sido o seu de nascer.
E como encerrar esse texto, sem citar o maior exemplo de todos? Jesus. O Verbo encarnado, o Deus que se fez homem. Se dignou a essa condição mínima que é a humanidade para nos ensinar o caminho da felicidade. A todo momento Jesus está servindo, ensinando quem está ao seu redor. O verbo de Deus não poderia ser diferente. Todo verbo indica uma ação. E Jesus assim o foi. Até o fim Ele nos ensinou. Curou leprosos, ensinou o amor, deu pão a quem tinha fome e mais tarde, se faz o Pão da Vida Eterna. Suportando dores que eu, com certeza, não aguentaria 1%. Por mim e por você O Amor se derramou de uma cruz. O Amor se dá até hoje para que não pereçamos. Ele tinha o direito de não sofrer, afinal o Filho de Deus que castigo mereceria? Porém, não olhando pra si mas para mim e para você, Jesus tinha uma responsabilidade. O DEVER de pagar nossa dívida incalculável.
Então se você chegou até aqui e ainda procura sentido na sua vida, repense se está preocupado mais com seus direitos do que com seus deveres. Feliz é quem serve e ama seu semelhante. Somente!



domingo, 10 de março de 2019

Quaresma em 3 passos!

O Espírito Santo guia verdadeiramente a Igreja de Cristo. No evangelho desse primeiro domingo da quaresma, Jesus está no deserto e é tentado. Ali, Ele nos mostra os remédios e como administra-los na vida cheia de tentações de todo cristão. Veja que fantástico! Um manual completo para bem vivermos a quaresma. 
(Um adendo: quaresma é o tempo de resolvermos nossas desordens interiores, ou ao menos lutar contra elas. Um tempo de penitência, de oração e caridade. Mas porque essas três palavrinhas? Vamos continuar...)

Vejamos:
1a tentação: "transforme essa pedra em pão." De cara a raiz de todo mal. Mal esse que tenta a nossa carne e dele vem a preguiça, a gula e a luxúria, isto é os apetites sexuais da nossa carne. Uma desordem de amor próprio. Quando no lugar de Deus colocamos nós mesmos, nossos desejos, nossos apetites.
O remédio contra esse mal é a castidade. Ser casto é privar de si em amor ao próximo. "Nem só de pão vive o homem, mas de toda Palavra de Deus."
Como viver? Com a penitência. Deixando de saciar nossas vontades. Deixar aquele cafézinho diário, o chocolate, o banho quente, o travesseiro... Viver o incômodo mesmo. De que está faltando algo. Sabendo que nosso corpo não é nosso Deus. Nossas vontades não devem mandar em nós. O conforto muitas vezes vira nosso ídolo.

2a tentação: "te darei poder sobre todos, se você me adorar." O poder... Ah, o poder. Moeda que tem custado um preço que disfarçadamente foi-lhe atribuído e hoje vale vidas. A ganância do ter, do possuir. Do "ostentar"... A necessidade de nos preencher com coisas nos esvaziam de sentimento, de sentido, de amor. Essa desordem está ligada à tudo aquilo que, sem necessidade ou por ganância queremos obter. Dela nascem a inveja e a cobiça.
O remédio é a pobreza. O desapego material. Tornamos ídolos, verdadeiros deuses coisas como o smartphone do ano, a roupa da marca, o carro novo, status... Mas nao precisa envolver altos valores, do Fusca à Ferrari. Que valor vc da aos bens que vc tem? "Adorarás somente ao Senhor teu Deus."
Como viver? Com desapego e com a caridade. Partilhando tudo que vc tem. Não o que te sobra. Mas o que vc tem! Mas começando pelo excedente é um bom começo. Aquela comida que "sobrou" do seu jejum bem feito vira refeição pra quem não tem. E você precisa mesmo trocar de celular cada vez que sobe um número no modelo? Quantos pés vc tem pra precisar de tantos calçados? (Essa é da minha vó!) Tente viver com menos, pense duas vezes se é mesmo necessário TER. Um bom termômetro é o grau de felicidade que vc fica quando acha que precisa ter algo. Se aquilo te dá uma sensação de plenitude, cuidado. A alegria da conquista é natural, mas ser saciado pela aquisição pode ser uma desordem interior que vc tem vivido. 

3a tentação: "se é mesmo o filho de Deus, se joga do alto e os anjos virão ao teu socorro." Aqui o orgulho, a soberba ganham forma. Jesus nos ensina nessa terceira tentação o que a falta de amor e temor a Deus pode nos causar. O mal está ao nosso redor como um leão procura a quem devorar. E de gota a gota ele vai nos convencendo de que somos deuses de nós mesmos. Meu corpo, minhas regras. Eu sou dono de mim. E assim vivemos. Assim até rezamos. Achamos que Deus é um atendente de drive-thru que pedimos (com a reza), pagamos (com a promessa) e obtemos o que queremos. Simples, né!? Errado, cara pálida. 
O remédio é a obediência. Quem melhor que Deus, nosso criador, que nos ama mais que qualquer coisa, a ponto de morrer numa cruz por mim e por você, pra saber o que é o melhor? "Não tentarás o Senhor Teu Deus". Achamos que sabemos o que queremos, como uma criança que se deixar almoça e janta chocolate e bala fini.
Como viver? Com a oração. Já dizia a canção quase encontrada entalhada nas cavernas: "O telefone de Deus é a oração. O telefone de Deus é joelho no chão"... Somente o coração em diálogo constante com Deus vive e toca no que Deus tem pra Ele. "o coração do homem sonha, mas é Deus quem dirige seus passos." É normal sonhar, é bom sonhar. É bom querer o chocolate, mas Deus sabe a hora e a dosagem. Se entregue nos braços do Pai. Deixe ser conduzido por aquele que te ama!

Até Jesus foi tentado, imagina o que você e eu não passamos diariamente? Então se cair, não se preocupe. Se levante. E vamos mais uma vez... no fim dessa quaresma, nosso homem velho morrerá com ele na sexta da paixão e ressuscitaremos com Ele na Páscoa!

É isso. Poderíamos discorrer dentro desse evangelho por muitas linhas mais, mas no momento, no celular, no ônibus a caminho de casa foi o que deu. Esse evangelho mexe muito comigo e mexeu muito, mas muito mesmo hoje. Engraçado que outra verdade é que a Palavra de Deus se renova todos os dias... vai vendo. 
Uma santa quaresma pra nós!