sexta-feira, 12 de junho de 2015

Eu, Deus e meu tempo de solteiro

Enquanto uns lidam como uma doença, a solteritite, outros tomam pra si uma espécie de  vocação, o solterismo. Eu acredito em uma terceira opção. Sem um nome pra definir agora, mas algo que resulte da soma de espera, caminhada e preparação.
Solteritite. Alguns parentes te olham preocupados. Parecem achar que é contagioso ou caso terminal. Só um milagre mesmo. A pessoa que acha que tem solteritite passa por uma fase de desespero. Tudo que ouve dizer que é cura, ela experimenta. Ela tem muito medo de morrer com essa doença - que ela diz e acha ter - e vive em função dela. Até acha uns remédios que aliviam os sintomas, mas depois eles acabam voltando piores!
Solteirismo. Assumem para si esse título aqueles que acham estar bem nessa situação. Aparentam estar certos, decididos a trilharem essa vocação. Uma pena. Se nutrem de doses de alegrias instantâneas. Enxergam dificuldade em construir e buscar uma verdadeira e duradoura felicidade. Não entenderam a beleza que é compartilhar o dom mais precioso que Deus nos dá. A nossa vida. Viver pra si, usando e sendo usado.
Estar solteiro não é doença e nem tampouco vocação. Não é estar sozinho e nem sinônimo de solidão. É um tempo só seu. Dure o que durar. Tempo de se conhecer, de se conquistar, se amar... Talvez você descubra em si os motivos que te fazem estar solteiro. É tempo fazer uma viagem no tempo, reparar as lacunas da sua história. É tempo de melhorar e estar pronto para receber alguém em sua vida.
É urgente um amor próprio antes de qualquer abertura a outro amor. O amor próprio é uma lacuna única que só deve ser preenchida por si. Corremos o risco de buscar em alguém um sentimento que cabe a nós preencher. Insistimos em uma dependência afetiva que suga e desgasta nossos relacionamentos. Mais importante que o amor próprio, a reciprocidade do amor de Deus. Mesmo que em mil vidas não consigamos retribuir o amor do Senhor por nós é fundamental essa prioridade em nossa ordem afetiva. O amor de Deus, para quem o busca, é a uma experiência única, tal como tesouro nunca encontrado. Por isso afirmo que solteiro não é sozinho e, com Teresa D'Àvila, afirmar que só Deus basta. Um amor tão presente que eu não me vejo no direito de me sentir só. É um amor que vem para guiar e ordenar todos os outros amores, sentimentos... Cada amor deve estar em seu devido espaço.
Pois bem. Na linha de chegada desse tempo bem vivido eis que a encontro. Aquela que ama esse Amor Incondicional, que encontra Nele os caminhos a seguir. Que enfrenta todos os nãos da vida confiante, e ainda que com dores e as angústias próprias do ser humano ela permanece ancorada com o barco da sua vida no Porto Seguro que é o amor de Jesus.
Gentilmente peço a chance de amarrar meu barquinho bem ao lado do dela. No mesmo porto, só que uma vaguinha mais coladinha. Pra gente conversar, ficar perto, conviver e até para o caso de um barco afrouxar a corda o outro esta perto para puxar de volta... Não podemos perder o Porto de vista. A inversão de prioridade afrouxa a corda do barco, o afasta da segurança do porto.

A reciprocidade desse amor de "vizinhança" começa a crescer. Ate que estejamos prontos para abrir mão dos nossos barquinhos e navegarmos juntos. Dividir um barco novo. E mais uma vez, gentilmente eu peço a ela... Quer me amar em segundo lugar pra sempre?




"Só em Deus é que o homem encontra a verdade e a felicidade que não se cansa de procurar'” (CIC 27).