quinta-feira, 14 de abril de 2011

O valor do sacrifício


“O fazendeiro tinha um lindo cavalo que um certo dia adoeceu gravemente e já não conseguia mais parar em pé. Ao ver o cavalo sofrendo tanto, resolveu chamar um veterinário.
O veterinário examinou-o durante um longo tempo e, por fim, observou:
- Olhe, o seu cavalo está com uma virose muito grave. Eu dei-lhe uma injeção, mas não sei se o bicho vai reagir. Amanhã eu voltarei e se ele não reagir, infelizmente teremos que sacrificá-lo. E foi embora.
O porco, vizinho de estábulo do cavalo, ao ouvir a conversa, ficou compadecido com a situação do amigo.
- Ei, você tem de reagir - recomendava. - Não pode se entregar desse jeito. Descansa bastante hoje a noite e amanhã você estará novo em folha. O cavalo relinchou baixinho, agradecendo.
No dia seguinte, o cavalo continuava deitado quando eles chegaram.
- É infelizmente vamos ter de sacrificá-lo. - Lamentou o veterinário.
E o porco, quase desesperado:
- Ei, amigo. Levanta! Vamos, força! É agora ou nunca!
Nisso, num esforço fenomenal, o cavalo levanta-se lentamente e depois sai correndo.
- Viva! - Bradou o fazendeiro. - O cavalo se recuperou. Vamos fazer uma festa pra comemorar! Mata o porco!”

   Pode ser engraçado, na verdade é, mas quando nos colocamos no lugar do porco não fica tanto assim.
Na vida, muitas vezes somos o cavalo doente, quando parece que não tem mais jeito, aparece um amigo, ou até um desconhecido e nos anima. Vira nosso suporte. Não desiste de nós. Entretanto, quantas vezes somos o porco? Somos o que vira suporte para o outro. Nos importamos com o próximo e não queremos que ele seja “sacrificado”. Então, depois da recuperação do outro, nós que somos sacrificados. Às vezes, como o porco da história, não tínhamos nada a ver com o acontecimento. Estávamos sadios e vivendo bem, “quietos no nosso canto”, mas por alguma razão, você se sentiu obrigado a ajudar. Agora, perante o sacrifício procuramos respostas. Por que eu? Só estava tentando ajudar e sobra pra mim? Por quê? E até o próprio “cavalo” nos mata depois de sua recuperação. Não reconhece que o ajudando, inverte-se a situação, e negligencia a situação.
   Comparando essa situação com a nossa vida, percebemos que realmente isso ocorre conosco. Quantas vezes agimos com boas intenções e nos complicamos? Precisamos entender, que ao ajudar nosso próximo, estamos de certa maneira expostos a esse tipo de situação, e que diante disso, também, não devemos nos fechar no nosso mundo. Devemos sim, estar dispostos, a ajudar nosso semelhante sem pensar em conseqüências. Ser o “porco” requer antes de tudo, amor, disposição, doação. Ajudar a quem precisa, pode nos parecer um desafio, um risco. Mas quem não se arrisca por amor?
Quem não arrisca até evita o sofrimento e o sacrifício, mas não cresce, não ama e não vive.